A disciplina propõe debater as relações entre a história da arte e os povos indígenas no Brasil. Partindo de uma discussão do papel da arte na construção de estereótipos, na produção e reprodução do racismo estrutural da sociedade brasileira, e tomando como estudo de caso a representação de pessoas indígenas na arte produzida no Brasil, a disciplina debaterá também como a história da arte no Brasil constituiu a categoria arte indígena e a significou diferentemente em distintos momentos históricos, refletindo também a respeito das críticas formuladas por pensadores e artistas indígenas à essa historiografia, assim como suas estratégias e contra-narrativas de resistência.
Introdução à disciplina: A categoria Arte Indígena e sua historicidade. Parte 1. O papel da história da arte no racismo estrutural contra os povos indígenas: A iconografia da antropofagia e a colonização. O indígena mártir no romantismo brasileiro. Apropriação e exotização no modernismo brasileiro. Parte 2. A arte como estratégia de resistência. A resistência indígena através da arte. Mais que informantes: indígenas artistas e o conhecimento etnográfico; os desenhistas de Começos da Arte na Selva, de Koch-Grünberg. Desenhar para branco entender: Gentil Tukano, Feliciano Lana, Joseca Yanomami. As ritxòkò Karajá - resistência como tradição e inovação. Carmézia Emiliano, Duhigó Tukano, Mahku. Parte 3: Arte Indígena Hoje: Conceitos e Debates. Ritual, performance e manifestações estéticas indígenas. De quem e para quem? Protagonismo indígena em museus e acervos.
Aula 1- Introdução à disciplina. Aula 2- A história da arte e a noção de arte indígena: problemáticas. Aula 3 - O papel da história da arte no racismo estrutural contra os povos indígenas. Aula 4 - A iconografia da antropofagia, a colonização e suas releituras contemporâneas; Glicéria Tupinambá e Denilson Baniwa. Aula 5 - O indígena mártir no romantismo brasileiro. De Moema ao Último Tamoio. Aula 6 - Apropriação e exotização no modernismo brasileiro: Tarsila do Amaral e Vicente do Rego Monteiro. Aula 7 - A resistência indígena através da arte. Arte Indígena por artistas indígenas: conceitos e debates. Aula 8 - Mais que informantes: artistas indígenas e o conhecimento etnográfico; os desenhistas de Começos da Arte na Selva, de Koch-Grünberg. Aula 9 - As ritxòkò Karajá e seu colecionismo – agência e resistência. Aula 10 - Desenhar para branco entender: Gentil Tukano e Feliciano Lana Aula 11 - Arte para amansar o coração napê: Joseca Yanomami e arte da hibridização pós-contato: Carmézia Emiliano. Aula 12 - Quem me ensinou foi a cobra: Mahku e a cosmologia Huni Kuin. Aula 13 - Ritual, performance e manifestações estéticas indígenas. Aula 14 - Acervos indígenas. De quem e para quem? Aula 15 - Encerramento.
BANIWA, Denilson. Arte para amansar o coração napë: cosmologias do contato e encantamento do povo da mercadoria. In: MASP. Joseca Yanomami: nossa terra-floresta. São Paulo, MASP, 2022. BANIWA (HIPAMAALHE), Francy. Fontes. Umbigo do mundo: mitologia, ritual, memória. Rio de Janeiro: Dantes Editora, 2023. CESARINO, Pedro. Conflitos de pressupostos na Antropologia da Arte. Relações entre pessoas, coisas e imagens. Revista Brasileira de Ciências Sociais vol. 32, n. 93, 2017, pp. 1-17. CORRÊA, P. Arte indígena e arte brasileira: justaposições críticas com Mário Pedrosa. VIS, Revista do Programa de Pós-graduação em Arte da UnB, Brasília, vol. 15, n. 2, p. 319-338, jul.-dez. 2016. COSTA, M. H. F., e Museu Nacional de Belas Artes. Arte indígena brasileira. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1983. DINATO, D. ReAntropofagia: a retomada territorial da arte. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 3, n. 3, p. 276–284, 2019. DINATO, DANIEL. Variações do txaísmo. Revista Estado da Arte, v. 3, p. 493-503, 2022. DINATO, DANIEL. -VENDE TELA, COMPRA TERRA- E OUTRAS FORMAS DE ATUAÇÃO POLÍTICA DO MOVIMENTO DOS ARTISTAS HUNI KUIN (MAHKU) / -Sell painting, buy land- and other forms of political action by the Movement of Huni Kuin Artists (MAHKU). Arte e Ensaios, v. 27, p. 50-73, 2021. DINATO, Daniel, and Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. MAHKU : Ramibiranai = MiraçÕEs = Visions. Guilherme Giufrida e Adriano Pedrosa (eds.). São Paulo: MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, 2023. EMILIANO, C., Baniwa, D., Goldstein, I. S., & Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Carmézia Emiliano : a árvore da vida = the tree of life (A. Carneiro, Ed.). MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, 2023. ESBELL, Jaider. "Arte Indígena Contemporânea e o Grande Mundo", Select, n.39, 2018. FERREIRA, F. “As artes industriais indígenas”, Revista da Exposição Anthropológica Brazileira, Rio de Janeiro: Typographia de Pinheiro e C., 1882. pp. 107-108. GOLDSTEIN, I. S. Da “representação das sobras” à “reantropofagia”: Povos indígenas e arte contemporânea no Brasil. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 3, n. 3, p. 68–96, 2019. KERN, Daniela. “The Amazonian Idol": The Naissance of a National Symbol in the Empire of Brazil (1848-1885). In: BIAGINI, Antonello F.; MOTTA, (Orgs.). Empires and Nations from the Eighteenth to the Twentieth Century. Newcastle upon Tyne, UK: Cambridge Scholars Publishing, 2014, pp. 214-221. KERN, Daniela. Historiography of Indian Art in Brazil and the Native Voice as Missing Perspective. In: AVOLESE, C. M.; CONDURU, R. (Orgs.). New Worlds: Frontiers, Inclusion, Utopias. São Paulo: Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA); Comité International de l’Histoire de l’Art e Vasto, 2017, pp.101-115. KOCH-GRUNBERG, T. Começos da arte na selva: Desenhos manuais de indígenas colecionados por Dr. Theodor Koch-Grünberg em suas viagens pelo Brasil. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 1990. LAGROU, Els. Arte Indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: C/ Arte, 2009. LEITE, J. R. T. Arte no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Abril, 1979. NETO, J. A. S. Na seara das cousas indígenas: cerâmica marajoara, arte nacional e representação pictórica do índio no trânsito Belém e Rio de Janeiro (1871-1929). Dissertação (Mestrado em História Social da Amazônia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará. Belém, 2014. PONTUAL, R. Tradição e ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1985. REGO, M. C. Guido (páginas de dor). Rio de Janeiro: Typographia Leuzinger, 1895. REINALDIM, Ivair. Produção cultural indígena e história da arte no Brasil: entre arte e artefato, armadilhas como problema metodológico. MODOS, Revista de História da Arte, Campinas, v. 1, n. 1, p. 25-39, jan. 2017. RIBEIRO, B. Arte indígena, linguagem visual =: Indigenous art, visual language. Belo Horizonte: Editora Itatiaia Limitada, 1989. RIBEIRO, Darcy, “Arte Índia” in: ZANINI, Walter (Org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. SOUZA, Arissana Braz Bomfim de. Arte e identidade: adornos corporais pataxó. Diss. de Mestrado, Estudos Étnicos e Africanos, UFBA, 2012. TERENA, N. (Org.). Véxoa: Nós sabemos. 1ed. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2020. TERENA, Naine. Arte Indígena no Brasil. Midiatização, apagamentos e ritos de passagem. Cuiabá: Oráculo Comunicação, Educação e Cultura, 2022. TUPINAMBÁ, Glicéria. "O manto é feminino. Assojaba I Kunhãwara", in: TUGNY, Augustin et. al. Kwá yepé turusú yuriri assojaba tupinambá: essa é a grande volta do manto tupinambá. São Paulo: Conversas em Godwana, 2021. YANOMAMI, J., Albert, B., Ribeiro, D., Baniwa, D., Ferreira, P., & Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, 2022. VEL ZOLAD, R. W. O Impressionismo de Guido, um Menino Índio Bororó. Rio de Janeiro: Ed. Universitária Santa Úrsula, 1990.