Atividade

92533 - O cinema brasileiro sob uma perspectiva histórica

Período da turma: 07/10/2019 a 29/11/2019

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Descrição: Programa de Aulas


I O documentário brasileiro no período silencioso. - Prof. Margarida Adamatti
A aula é dedicada ao panorama da produção documental brasileira durante o período silencioso, ressaltando o estilo dos filmes e a trajetória dos cineastas envolvidos. Os naturais, como eram chamados os documentários nessa época, serão analisados a partir do contexto de produção, da recepção dos críticos, da perspectiva estética e de suas possibilidades educativas. A aula aborda o papel desempenhado pela produção institucional e suas associações com o poder, fechando um ciclo econômico fundamentado em torno de necessidades educativas, com as quais o cinema era visto no período.A fortuna crítica aos naturais possibilita também avaliar como o meio cinematográfico repensava as representações do Brasil para o mercado exibidor. O panorama traçado na aula realça o conteúdo dos filmes e suas recorrências formais em torno das representações do espaço urbano e do interior do Brasil.

II A trajetória de Luiz de Barros: Relações do cinema com outras mídias e práticas culturais.
- Prof. Luciana Corrêa de Araújo

A aula irá abordar as relações intermidiáticas entre cinema e outras mídias e práticas culturais, por meio das atividades realizadas pelo diretor, produtor e cenógrafo Luiz de Barros, entre as décadas de 1910 e 1940. Entre os tópicos a serem discutidos, estão as relações estabelecidas em seus filmes com elementos teatrais, em particular com o teatro de revista; as experiências de Barros com espetáculos de palco, muitos deles em estreita conexão com o cinema, como os prólogos cinematográficos encenados antes da projeção de filmes; os primeiros filmes sonoros, levando para o cinema artistas de sucesso nos palcos; e as adaptações de textos teatrais e filmes musicais realizados para a Cinédia, nos anos 1930-40.


III Humberto Mauro: entre o cinema educativo e os filmes de ficção. - Profa. Margarida Adamatti.
A obra de Humberto Mauro é composta por uma vastíssima produção documental e ficcional. O cineasta mineiro foi eleito por Glauber Rocha como uma espécie de precursor do Cinema Novo pelo lirismo de seus filmes do período silencioso. A aula observa as continuidades da produção de Mauro entre as décadas de vinte a quarenta, com o início em Cataguases, passando pela Cinédia de Adhemar Gonzaga, pela Brasil Vita Filmes de Carmem Santos, até sua extensa participação como diretor-técnicodos filmes educativos realizados pelo Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). A análise da produção documental se concentrará nolonga-metragem de 1937, Descobrimento do Brasil, produzido pelo Instituto de Cacau da Bahia. Entre as obras ficcionais, o destaque recai sobre os primeiros filmes de Cataguases, sobre Ganga Bruta (1933) da Cinédia, e Argila (1940) da Brasil Vita Filmes.

IV Entre o artesanato e a indústria: o cinema de ficção no Brasil (1920-1949).- Prof. Arthur Autran
Esta aula tratará de forma panorâmica as diversas tentativas de se produzir cinema de ficção no Brasil entre 1920 e 1949 tendo Hollywood como referência estética e/ou de modo de produção. No contexto do período silencioso serão abordadas as atividades do diretor José Medina e do produtor Almada Fagundes, bem como das produtoras ApaFilm e Aurora Film. Após o advento do som serão destacadas a Cinédia, de Adhemar Gonzaga, ea Sonofilm, de Alberto Byington Jr., produtoras que de maneiras diferentes enfrentaram o desafio de tentar produzir cinema de forma industrial. Também serão analisados os primeiros anos de atividade da Atlântida, empresa fundada em 1941 por Moacyr Fenelon, José Carlos Burle, Alinor Azevedo e Edgar Brasil, cuja experiência foi inovadora para o cinema brasileiro de então.

V O trabalho da mulher no cinema brasileiro (1920-40).- Prof. Luciana Corrêa de Araújo

A aula irá tratar das atividades profissionais exercidas pelas mulheres no cinema brasileiro, abrangendo desde o período silencioso até a década de 1940. Além de analisar a representação do trabalho da mulher nos filmes silenciosos, em tensionamento com os modelos mais tradicionais que regulavam o comportamento feminino, serão destacadas as atividades exercidas pelas mulheres no meio cinematográfico, seja como atrizes, seja em trabalhos por trás das câmeras, a exemplo das atrizes e diretoras Carmen Santos, Cléo de Verberena e Gilda de Abreu.

VI Cultura Cinematográfica e Vanguarda (1920-1949). – Prof. Arthur Autran

Esta aula será dedicada às primeiras manifestações de reflexão sobre o cinema no Brasil. No período de 1920 a 1930 serão destacadas as revistas CinearteeA Scena Muda, ambas voltadas para o grande público; bem como o periódico O Fan – órgão do primeiro cineclube brasileiro, o Chaplin Club –, cujos críticos desenvolveram denso pensamento a respeito do fenômeno cinematográfico. A aula também versará sobre o ressurgimento do cineclubismo nos anos 1940, com destaque para o Clube de Cinema de São Paulo e a Filmoteca do MAM – embriões da futura Cinemateca Brasileira -, bem como a atuação no campo da críticados jovens Paulo Emílio Salles Gomes, Almeida Salles, Moniz Vianna e Alex Viany. Finalmente, será apresentado o filme Limite (1931), de Mário Peixoto, obra prima da cinematografia brasileira que se destaca no contexto de então pela sua ousadia estética ímpar.

VII Cinema Paulista nos Anos 1950: os Grandes Estúdios e Outras Formas de produção. - Prof. Afrânio Catani
A aula abordará a efervescência cultural e artística da cidade de São Paulo após 1945 e o papel da burguesia paulista no financiamento dessas atividades, com destaque para o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e o seu papel na modernização da dramaturgia no Brasil. Em relação à atividade cinematográfica serão tratadas as experiências dos grandes estúdios que surgem nos anos 1950: Companhia Cinematográfica Vera Cruz: a fábrica de sonhos; Cinematográfica Maristela: a sombra da outra; Multifilmes: outro sonho interrompido. Também será analisado o chamado "Cinema Independente", ou seja, os pequenos e médios produtores e a conseqüente multiplicação de gêneros cinematográficos.

VIII A Chanchada nos Anos 1950.
-Prof. Afrânio Catani

Ementa: A aula fará uma exposição sobre a chanchada buscando inicialmente definir o gênero. Será abordada com destaque a experiência da Atlântida em suas diferentes fases, esta empresa promoveu a consolidação de um cinema de gênero no Brasil, bem como em termos de mercado empreendeu a integração entre produção, distribuição e exibição.Também serão tratadas as outras produtoras de chanchadas, tais como a Herbert Richers, além de destacar quais os principais diretores e o Star System do gênero. O último tópico examinado tem relação com o Cinema Independente no Rio de Janeiro nos anos 1950.


IX Cinema Novo I, pré-64: rumo à Revolução.
- Prof. Leandro Saraiva

No começo dos anos 60, o Brasil se politizava em todas as áreas, e no campo do cinemaisso resultou numa versão particular do cinema de autor. A proposta cinemanovista era ade uma modernidade estética anti-imperialista, rebelada em termos de linguagem e deesquemas de produção, buscando uma violência simbólica – uma “estética da fome” –afinada à revolta popular. Nos termos do Cinema Novo pré-Golpe, ser autor era serrevolucionário.


X Cinema Novo II, pós-64: o trabalho de luto.
- Prof. Leandro Saraiva

Com o Golpe, as esperanças revolucionárias mostraram-se um castelo de cartas. Os
militares apoiavam-se num conservadorismo de massas e num projeto de modernizaçãoexcludente e subordinada aos interesses do centros capitalistas mundiais. O Cinema Novotomou para si a tarefa árdua de digerir a derrota, internalizando a crise em suaexploração de formas estéticas tensionadas, anti-ufanistas.


XI 1a. Parte: Experimentações do cinema moderno nos anos de chumbo(1967-74).
- Prof. Mateus Araújo

Se Terra em Transe ofereceu a resposta mais vigorosa do cinema brasileiro moderno aogolpe de 1964, um leque variado de propostas a desdobrou ou coexistiu com ela entre1967 e 1974. Esta aula examinará filmes representativos do período de diretores comoJulio Bressane, Rogério Sganzerla, Andrea Tonacci, Arthur Omar, entre outros.


XII 2a. Parte: Experimentações do cinema moderno nos anos de chumbo (1967-74).
- Prof. Mateus Araújo

Examinará um conjunto paralelo de filmes que também reagiam a seu modo aos
processos históricos em curso no Brasil do período, investindo na experimentação radicale associando-a com freqüência à confrontação política com o regime. Entre estes, filmes como: Viagem ao fim do mundo (F. Coni Campos, 1968), O Bandido da LuzVermelha (R. Sganzerla, 1968), Jardim de Guerra (N. de Almeida, 1968-70), O Jardim dasEspumas (Luiz Rosemberg Filho, 1970) e Cuidado Madame (J. Bressane, 1970).

XIII 1a. Parte –A Embrafilme co-produtora e distribuidora: o perfil temático e estético do cinema nos anos 1970 - 1980 (I).
- Prof. Ismail Xavier

As formas de marginalidade ou de inserção do Cinema Novo e de outras vertentes na política estatal da Embrafilme. O incentivo aos filmes históricos e às adaptações literárias,suas polaridades exemplares: Os inconfidentes/Independência ou Morte e SãoBernardo/Dona Flor e seus dois maridos. O diagnóstico do presente: Iracema, Lúcio Flávio- o passageiro da agonia e Byebye Brasil. O outro lado da moeda: a comédia erótica e seupúblico.


XIV 2a. Parte - O período da Embrafilme co-produtora e distribuidora: o perfil temático e estético do cinema ao longo dos anos 1970 – 1980. (II).
- Prof. Ismail Xavier

O perfil múltiplo de um tema recorrente: a crítica da família patriarcal. A tensão entre a inovação estética e o sucesso no mercado exibidor. A proposta de um novo Cinema
Popular: O amuleto de Ogum. A diversidade temática e de estilo nos filmes das geraçõesemergentes no período. A vez do documentário: as greves do ABC e a memóriacamponesa. A crônica do ocaso do regime militar e o cinema da Nova República antes docolapso da produção em 1990: uma crise paradoxal?


XV Cinema da Retomada.
- Prof. Luiz Carlos Oliveira Jr.

Com a extinção da Embrafilme em 1990, o meio cinematográfico brasileiro se viu numa
crise sem precedentes. A resposta ao cenário de terra arrasada vem por meio da criação,de uma legislação de apoio à produção audiovisual. De 1995 até o final da década, énotório o crescimento do número de filmes brasileiros em circuito comercial, assim comoo maior eco que essa produção consegue encontrar na mídia, se comparado com operíodo imediatamente anterior.


XVI Cenário Atual.
- Prof.Luiz Carlos Oliveira Jr.

A partir da segunda metade dos anos 2000, é evidente uma mudança de contexto.Diversifica-se (social e culturalmente) o ambiente cinematográfico no Brasil. A revoluçãodigital (com o que implica de barateamento de custos e “democratização” dos meios)finalmente rende frutos significativos na cinematografia nacional, permitindo que pessoasfora do eixo sul-sudeste e do quadro tradicionalmente elitizado das artes possam realizar,com baixíssimo orçamento.



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Biografias

Arthur Autran
É Professor Associado no Departamento de Artes e Comunicação da Universidade Federalde São Carlos (UFSCAR) atuando no Bacharelado em Imagem e Som, no Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som e no Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade. É membro do conselho da Cinemateca Brasileira e do Conselho Deliberativo da Sociedade Amigos da Cinemateca.

Ismail Xavier
Professor Emérito da Universidade de São Paulo. É membro do conselho da Cinemateca Brasileira e do Conselho Deliberativo da Sociedade Amigos da Cinemateca. Publicou,entre outros, “O Discurso Cinematográfico” (2008) e “Alegorias do subdesenvolvimento:cinema novo, tropicalismo e cinema marginal “(1993).

Luiz Carlos Oliveira Jr.Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações eArtes da Universidade de São Paulo ECA-USP. É crítico de cinema, curador e publicou Amiseenscène no cinema: do clássico ao cinema de fluxo (2013).

Leandro Saraiva é Doutor em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Foi roteirista das séries"Cidade dos Homens" (Globo/02) e "9mm" (Fox/Mooshot). Foi gerente de Conteúdos Colaborativos da TV Brasil e professor do Curso de Imagem e Som da UFSCAR; Atualmente é coordenador de dramaturgia da produtora Acere F.C. e do Núcleo de Dramaturgia Cinematográfica do SESI-PR.

Luciana Corrêa de Araújo
Doutora em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Realizou Pós-
Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Multimeios, da Universidade de
Campinas (2001-2005). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de SãoCarlos.

Mateus Araújo
É professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-
Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Universidade de São Paulo.

Carga Horária:

48 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 115
 
Ministrantes: Ismail Norberto Xavier


 
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